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domingo, 5 de dezembro de 2010

Dr. ANIMAL

Yes,We can!



Três de Dezembro foi dia de lembrar à humanidade a pessoa com deficiência. Na ESMA, a equipa do Ensino Especial dedicou a semana a esta causa. O Projecto Nós e os Outros Animais deu a sua contribuição através de uma breve palestra sobre a chamada Terapia Assistida com Animais (TAA).




Na Escola de Equitação D. Pequenote, aqui em Almeirim, a Engenheira Inês Ferreira ministra aulas de equitação especial, a saber, equitação dirigida a pessoas portadoras de deficiências mentais ou motoras. Foi ela mesma quem se deslocou à ESMA para dar às turmas dos Cursos Profissionais de Apoio à Infância uma breve introdução à TAA e mais propriamente à terapia com cavalos, a sua especialidade.


Gostámos. Gostámos e aprendemos. Aprendemos e vamos partilhar.


Há vários tipos de deficiências: motora, mental, visual e auditiva. A equitaçãoespecial intervém nas duas primeiras. É igualmente útil a crianças e jovens com dificuldades de relacionamento interpessoal e/ou comportamento agressivo. Deste último grupo, falaremos um outro dia. Por ora, fiquemo-nos pelos pela equitação terapêutica e pela hipoterapia.

A prática da equitação tem, entre outras virtudes, e para qualquer pessoa, as vantagens de melhorar a coordenação psicomotora, a capacidade de auto-controlo, a autonomia e a condição física em geral.

Para as pessoas portadoras de uma deficiência motora e/ ou mental, o cavalo revela-se, com acompanhamento especializado, um terapeuta multifacetado. Na verdade, o passo de um cavalo é semelhante, em cadência e nos imputs que envia ao cérebro, ao caminhar humano, levando a que uma pessoa impossibilitada de andar ou com dificuldade em coordenar movimentos receba, apenas por se encontrar a cavalo, imputs capazes de estimular as capacidades motoras. Podemos afirmar que, mesmo no caso de passividade do sujeito, o passo do cavalo efectua um trabalho de fisioterapia activa.

Designa-se por hipoterapia a intervenção de carácter clínico que requer obrigatoriamente a intervenção e presença de terapeutas e apoio do profissional de equitação. Porquê? Destina-se prioritariamente a indivíduos com limitações neuromotoras ou mentais severas e reduzida capacidade de interacção com o meio ambiente. Na Escola de Equitação D. Pequenote, a hipoterapia está a cargo de duas técnicas de Santarém. É indicada para casos de autismo, paralisia cerebral, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, síndroma de Down ou acidentes vasculares-cerebrais, entre outros problemas.

À Engenheira Inês Ferreira cabem as sessões de equitação terapêutica. Dirige-se igualmente a pessoas com limitações neuromotoras e mentais, com intervenção mais concreta ao nível da necessidades psicológicas ou cognitivas. São trabalhados o equilíbrio, adaptando as actividades às especificidades do indivíduo, bem como a autonomia e as aprendizagens básicas como a contagem, a identificação das cores e das formas.
A criança ou o jovem são incitados a guiar o cavalo, antes de montar, com os objectivos de trabalhar a autoconfiança - "eu consigo" - e a autonomia - "sou eu quem decide que ele vai andar agora e parar mais à frente". O animal, que se chama Malhado, tem já uma idade avançada e muita paciência para aqueles que, sem conhecimentos de equitação e com dificuldades de aprendizagem, se esforçam por encontrar o modo correcto de conduzi-lo e tocá-lo. Outros exercícios são efectuados sobre o dorso do cavalo, como voltar-se para a garupa e retornar à posição inicial (coordenação motora e exercício físico), rodar os braços, contando até 10 (estímulos cognitivos e motores) ou identificar as cores e as formas dos cones colocados ao longo do percurso.
A aprendizagem de regras é igualmente importante: não se faz barulho quando se está à espera de montar, o cavalo só anda para a frente se o indivíduo se encontrar na posição correcta, à sua esquerda e um pouco adiantado em relação ao animal, e só se monta com toque (especie de "capacete" de protecção).

A relação pessoa-animal também não é de se desprezar, pois aqueles que não se relacionam habitualmente com outros indivíduos criam frequentemente um vínculo ao cavalo, de quem sentem a falta se algum dia não podem comparecer à sessão habitual.

Há ainda a equitação adaptada que, embora dirigida a pessoas com limitações, tem como objectivos o lazer e a competição, fornecendo aos indivíduos competências equestres.

A Escola de Equitação D. Pequenote, que possui uma pequena quinta pedagógica com cabras, coelhos, uma porca - a Bolota - e dois cães, além dos cavalos, auxilia-se de todos os animais para o progresso das crianças com mais dificuldades de integração social. É mais simples para elas criar vínculo a um dos animais e posteriormente, sentindo-se seguras e dispostas a permanecer no local, aceitarem e colaborarem nas actividades equestres ou outras que auxiliem o seu desenvolvimento integral.
Com esta palestra, aprendemos que o cavalo pode constituir um bom fisiotepeuta e uma preciosa ajuda no incremento da qualidade de vida de pessoas com deficiências motoras ou mentais, reconhecidas por médicos e psicólogos, bem como por pais e encarregados de educação.

Como agradecimento pela disponibilidade demonstrada pela Engenheira Inês, aqui fica o convite para uma visita à escola de equitação D. Pequenote, que ministra igualmente aulas de equitação de lazer e organiza festas infantis.

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