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domingo, 13 de fevereiro de 2011

PÁSSAROS IN LOVE

Nós, humanos, pensamos no amor, ansiamos pelo "principe encantado" ou pela "mulher certa"; nós, humanos, sentimo-nos atraídos por algumas pessoas e repelidos por outras; nós, humanos, cortejamos, rondamos, fazemos pequenos sinais e grandes loucuras por quem pensamos amar.


E os outros animais...também.



Pássaro Jardineiro: a arte de decorar para conquistar

Na Revista National Geografic Portugal, (Julho 2010), Virgínia Morrel inicia um artigo sobre estes pássaros com estas palavras:

"Para conquistar fêmeas, os machos dos jardineiros pavoneiam-se, cantam e...tornam-se decoradores. Em algumas espécies, só os machos com as tocas mais vistosas têm sucesso na transmissão dos seus genes."

Na Papua Nova Guiné, onde estas cuiriosos animais vivem, os primeiros exploradores, ao verem as torres dos seus ninhos, os enfeites e os "tapetes de boas-vindas", pensaram tratar-se de casas de bonecas construídas por crianças.


A torre, as oferendas e os chamamentos só parecem ter um objectivo: convencer as fêmeas de que o macho construtor é "o tal", o melhor da vizinhança.


Alguns biólogos estudam estas aves por serem surpreendentemente parecidas com os humanos: fazem arranjos com flores, insectos, pedras e folhas, de tal forma belos que fazem lembrar um quadro. Além disso, parecem ser os únicos animais que matam (no seu caso,insectos) apenas com fins decorativos, tal como o faz o homem. Pode dizer-se que têm sentido estético, que nem os primatas possuem.


A fêmea é o juíz primeiro e último: é ela que escolhe o macho que lhe agrada, e os jardineiros sabem-no.

Um ninho atractivo e pouco comum - com um belo tapete de entrada, vistoso e original - parece ser a condição mais importante para convencer uma fêmea a acasalar.


Quando vivem junto a aldeias, estas aves utilizam lixo e desperdícios humanos coloridos na contrução dos seus ninhos de amor.

E este trabalho de construção e decoração, que pode durar horas ou dias, não garante ainda ao autor o acasalamento. Há sempre vários machos - e as respectivas construções - em competição. As fêmeas observam e levam o seu tempo a eleger qual é digno de transmitir os genes à ninhada.


Os machos esforçam-se no canto, imitando outras aves ou mesmo sons aprendidos com os humanos, tais como um riso ou o trabalhar de uma motoserra. Também dançam. E elas olham...

Quando a fêmea pousa na torre do ninho e, investiga, há esperança. Se inicia um canto em dueto com o macho, então, temos acasalamento.
Valeu a pena o esforço!


João de Barro - a infidelidade é mortal


Igualmente conhecido como pássaro oleiro, esta ave habita o nordeste brasileiro e a Argentina, onde é chamada Hornero. Porquê? Os seus ninhos são feitos de barro amassado com o bico e com as patas.

É admirável o modo como esta ave constrói nas traves das portas, nos postes e nas árvores sem folhas ninhos sólidos,com uma porta alta e uma divisão interior que possibilitará à fêmea uma postura longe dos olhares indiscretos.

De uma boa construção dependem em grande parte as hipóteses de acasalamento. É ao macho que compete iniciar as obras, sendo que às vezes a fêmea se lhe junta a tempo de ajudar e outras o mestre oleiro tem que erguer sozinho a casa e esperar que a pretendida a ache a seu gosto.

É um pássaro que se sente bem em companhia dos humanos. Quando lhe falta a matéria-prima para as obras - o barro - socorre-se do estrume produzido pelo gado das quintas.

A fêmea, conhecida como Joaninha de Barro, tal como o seu companheiro João de Barro, é um pássaro alegre, cujo canto, dizem os brasileiros, parece uma gargalhada.

O casal junta-se para a vida, mas a fêmea, por vezes, acasala com outro macho.

Quando assim se comporta, o seu companheiro, que é sempre fiel, encaminha-a com delicadeza para o ninho e tapa a entrada com barro, deixando-a morrer no interior.

O que parece estranho aos biólogos é o facto de a esposa infiel não mostrar o mínimo sinal de querer sair e viver...


Créditos:
Morrel, Virginia, Construa...e elas virão (2010)in National Geografic Portugal.
http//revistageo.uol.com.br/ [consultado a 20 de Janeiro de 2011 ]
http//naturlink.sapo.pt [consultado a 22 de janeirode 2011 ]

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